Decisões e Saúde Mental

 Não sei como escrever, para um possível leitor...só sei, que o que eu sinto, possívelmente você que está a ler sente ou já sentiu em alguma parte da vida. E se nunca o fez, talvez seja a hora de refletir.

⚠️Não aconselhável aos mais sensíveis!


Como me sinto ridícula! Frustrada! Sou uma merda!

Ah! Pobre coitada! Ah! É normal! Ela enlouqueceu! Vocês que estão a ler estariam a pensar. 

Deixem-me fazer-vos algumas perguntas: 

-Não é verdade que vocês, se sentiram em alguma parte da vida frustradas/os? 

-Já pensaram em desistir? 

-Quantas mães/pais se sentem péssimas/os cuidadores? 

-Se sentem culpadas/os? 

-Têm uma casa, carro, ouro, já viajaram e mesmo assim nada as/os satisfaz? 

-Acabaram o doutoramento e estão desempregados? 

-Entregaram a vida para ajudar o próximo e na altura que precisam, ninguém está lá para amparar? 

-Passaram por humilhação? 

-Ja planearam uma família e acabaram em divórcio?  

Pois é! Começa a fazer sentido, não é verdade?Ah! Ufff! Olho para mim e vejo tudo isso e muito mais. O quanto eu nunca conquistei. Quantas lutas diárias! Quantas limitações que poderiam ser ultrapassadas. E vendo agora que sou Autista, como poderia ter sido tudo tão diferente! As vezes só tenho vontade de acabar com tudo! Já la vai quase metade da minha vida. E ainda continuo na estaca zero. 

Meus interesses, são demasiadamente para alguns. Para os que não podem ajudar, são tudo. É um sistema de merda, que a sociedade nos obriga a seguir. Todos pedem a verdade, mas não gostam de a ouvir. Vivemos num mundo onde se romantiza as doenças, deficiências e dificuldades mas elas estão la! E como é difícil! Cada passo. Todos os dias e um dilema de luta para atender uma chamada. É o complicado vira simples e o simples virar complicado. É o tentar chegar a perfeição porque não quer falhar com nada, mesmo assim existir de alguma forma qualquer sentimento negativo, por vezes inveja de quem não o consegue, outras raiva e até mesmo baixa estima. 




Eu luto diariamente para combater isso, hoje é um daqueles dias em que eu sinto-me assim. E está tudo bem! Porque eu não tenho que ser perfeita. Autista ou não! Tenho os meus traumas e dificuldades do passado que vivo diariamente com. A minha solidão...”Ah mas tens duas filhas lindas, Rosa!”. Sim tenho! São elas que vão ouvir as minhas incertezas? São elas que vão me aconselhar? Não! Não é verdade? Então tenho que apreender a viver só. Não entendo! Porque tenho que me adaptar a sociedade? Quando deveria ser ao contrário, especialmente quem contribui tanto para o comunidade?  

Bem, o segredo até hoje, tem sido o mascaramento e fazer de conta que está tudo bem. Decisões que tenho que tomar que são tão difíceis. Solidão, porque só posso contar comigo mesma. É o combater estás dificuldades de barulhos, não conseguir dormir porque tenho medo que algo me falhe, mesmo assim vou a luta! É estar tão só e olhar para está pequena fragilidade. Conquistas, lutas, bens...ser feliz com o que se tem. Ter opinião sem medo, falar de incertezas e tristezas sem receio duque os outros pensam. Porque afinal a vida é minha e as escolhas, lutas e barreiras também! 

“Precisamos de alguém que nos traga paz. Que entenda os desequilíbrios que, por vezes, todos temos. Que esteja mais interessado em reconstruir do que em descartar. 

Precisamos de gente que se deixe ser cuidada e que consiga ver no fundo dos teus olhos o que a tua boca transmite.

Precisamos de alguém que não nos abandone no primeiro desentendimento ou na primeira dúvida, alguém que esteja disposto a deixar-te ser, mesmo quando, não és a tua melhor versão.

Precisamos de alguém que caminhe ao nosso lado, que ligue para perguntar como foi o dia ou apenas para dizer "gosto de ti". 

Precisamos de alguém que fale sem vírgulas nem parêntesis, que traga clareza e não confusão.

Precisamos de alguém que se agarre nas soluções quando aparecem os problemas.

Precisamos de alguém que nos saiba distinguir e nos eleve, quando o mundo já só está habituado a inferiorizar."

Mesmo uma merda, continuo a refletir mas o que é que eu preciso? O que quero ser? Pois não sei! Algo que tenho a certeza, é que quero ser aquela mãe que estará sempre presente.  

E vocês? 

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